Durante o percurso que fiz no exercício de permanência me questionava sobre a necessidade de continuar em um movimento (rodar no chão tendo os ísquios como eixo central) ou então transformá-lo num conceito, no caso, circular. O movimento se transformou algumas vezes tendo como base permanente o conceito. Foi uma escolha.
Poderia ter mantido o movimento como ele se apresentou no início, mas condições corporais de esgotamento motivaram a transformação.Acontece que a condensação do movimento em torno de um conceito também expande as possibilidades de caminhos para ele. Num exercício de permanência isso se mostra como uma condição a ser desafiada, afinal, o objetivo é permanecer seja no movimento, na transformação ou na negação. Eu me perdi na transformação. E esse território se mostrou potente mais ao fim do exercício.
Os movimentos não se conectavam mais com o conceito ou com o movimento que o gerou no início do exercício. Eles agora geravam ansiedade: em saber o por quê deles naquele contexto; qual seria o próximo movimento, impulso; de que forma eles se relacionavam com o caminho percorrido até então. Essa ansiedade gerou, por fim, uma nostalgia. Os movimentos do fim não me satisfaziam mais como os que busquei no início e sentia saudades deles. No começo me sentia bem porque estava em um movimento que tinha sentido pra mim, era simples, bonito, gostoso, estava ali, podia entender sua motivação. Mas precisei sair dele.
Me gerou um conforto e no momento que percebi isso abri mão do conceito que tinha elaborado até então e me coloquei num território distante dele, confuso, sem sentido ou coerência. E foi nesse momento final que caminhei para escrever e o movimento de procurar a caneta foi o impulso da escrita automática. A primeira parte do exercício estava alojada em alguma parte do meu corpo mas o que impulsionava a escrita eram as desconexões da segunda parte do exercício, em especial a última caminhada que me levou até o caderno e a caneta.
terça-feira, 5 de maio de 2009
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